sábado, 28 de setembro de 2024

USE COMO EPÍGRAFE ESTE TEXTO DE CHANTAL MOUFFE

 


Tendo como finalidade ser aceite como legítimo, o conflito necessita adotar uma forma que não destrua a associação política. Isto significa que algum tipo de ligação deve existir entre as partes em conflito, de forma a que não tratem os seus oponentes como inimigos a erradicar, ao considerar as suas exigências ilegítimas, que é exatamente o que acontece na relação antagonista de amigo/inimigo. (…) Se queremos reconhecer, por um lado, a permanência da dimensão conflitual antagonista ao mesmo tempo que, por outro, permitimos a possibilidade de "domesticação", precisamos de perspectivar um terceiro tipo de relação. A este tipo de relação proponho chamar agonismo. Enquanto o antagonismo é uma relação nós/eles na qual as duas partes são inimigas que não partilham qualquer referencial comum, o agonismo é uma relação nós/eles entre partes em conflito que, apesar de admitirem que não existe qualquer solução racional para o seu conflito, reconhecem a legitimidade do seu oponente. São "adversários", não "inimigos". 

(Chantal Mouffe: Charleroi, 17 de junho de 1943; é uma cientista política pós-marxista belga. Desenvolve trabalhos na área da teoria política.)

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