domingo, 19 de maio de 2024

COMPORTAMENTO: GUIA DE BOAS ESPOSAS DE 1950, MUITO BEM ILUSTRADO

 




 Em maio de 1955, a revista Housekeeping Monthly publicou um artigo chamado “o guia da boa esposa”, que ditava o que a mulher deveria fazer para ser boa com seu marido e filhos:




1. Tenha o jantar sempre pronto. Planeje com antecedência. Esta é uma maneira de deixá-lo saber que se importa com ele e com suas necessidades.


2. A maioria dos homens estão com fome quando chegam em casa, e esperam por uma boa refeição (especialmente se for seu prato favorito), faz parte da recepção calorosa.



3. Separe 15 minutos para descansar, assim você estará revigorada quando ele chegar. Retoque a maquiagem, ponha uma fita no cabelo e pareça animada.



4. Seja amável e interessante para ele. Seu dia foi chato e pode precisar que o anime e é uma das suas funções fazer isso.



5. Coloque tudo em ordem. Dê uma volta pela parte principal da casa antes do seu marido chegar. Junte os livros escolares, brinquedos, papel, e em seguida, passe um pano sobre as mesas.


6. Durante os meses mais frios você deve preparar e acender uma fogueira para ele relaxar. Seu marido vai sentir que chegou a um lugar de descanso e refúgio. Afinal, providenciando seu conforto, você terá satisfação pessoal.



7. Dedique alguns minutos para lavar as mãos e os rostos das crianças (se eles forem pequenos), pentear os cabelos e, se necessário, trocar de roupa. As crianças são pequenos tesouros e ele gostaria de vê-los assim.


8. Minimize os ruídos. Quando ele chegar desligue a máquina de lavar, secadora ou vácuo. Incentive as crianças a ficarem quietas.



9. Seja feliz em vê-lo. O receba com um sorriso caloroso, mostre sinceridade e desejo em agradá-lo. Ouça-o.


10. Você pode ter uma dúzia de coisas a dizer para ele, mas sua chegada não é o momento. Deixe-o falar primeiro, lembre-se, os temas de conversa dele são mais importantes que os seus.



11. Nunca reclame se ele chegar tarde, sair pra jantar ou outros locais de entretenimento sem você. Em vez disso, tente compreender o seu mundo de tensão e pressão dele, e a necessidade de estar em casa e relaxar.



12. Seu objetivo: certificar-se de que sua casa é um lugar de paz, ordem e tranquilidade, onde seu marido pode se renovar em corpo e espírito.


13. Não o cumprimente com queixas e problemas.



14. Não reclame se ele se atrasar para o jantar ou passar a noite fora. Veja isso como pequeno em comparação ao que ele pode ter passado durante o dia.



15. Deixe-o confortável. Faça com que ele se incline para trás numa cadeira agradável ou deitar-se no quarto. Dê uma bebida fria ou quente pronta para ele.



16. Arrume o travesseiro e se ofereça para tirar os sapatos dele. Fale em voz baixa, suave e agradável.



17. Não faça-lhe perguntas sobre suas ações ou que questionem sua integridade. Lembre-se, ele é o dono da casa e, como tal, irá sempre exercer sua vontade com imparcialidade e veracidade. Você não tem o direito de questioná-lo.



18. Uma boa esposa sabe o seu lugar.


Fonte:

Amanda Ferraz

Analista de SEO e editora do Awebic e Receitinhas. Escrevendo desde sempre, formada em jornalismo, fotógrafa por hobby, dando as caras na centraldoleitor.com, apaixonada por gatos, café e Harry Potter; Amandinha é leitora fissurada e estudante ininterrupta antes de qualquer coisa.



sábado, 18 de maio de 2024

ARTES PLÁSTICAS: QUADRO O NASCIMENTO DE VÊNUS DE SANDRO BOTTICELLI (ANÁLISE E CARACTERÍSTICAS)

 

O nascimento de Venus

O quadro O Nascimento de Vênus, criado entre 1482 e 1485, é de autoria do pintor italiano Sandro Botticelli (1445-1510). A tela é um ícone incontornável do Renascimento.

Antes de criar essa tela, Sandro Botticelli costumava pintar cenas bíblicas. Foi depois de uma viagem a Roma, onde esteve exposto a muitas obras da cultura greco-romana que, no regresso a casa, inspirado pelo que viu, começou a pintar cenas baseadas na mitologia.

O quadro O Nascimento de Vênus foi encomendado por Lorenzo di Pierfrancesco, uma figura importante na sociedade italiana. Lorenzo atuava como banqueiro e político e encomendou com Botticelli uma peça para decorar a sua casa. O resultado dessa encomenda, produzida entre 1482 e 1485, foi a tela hoje considerada uma obra-prima da pintura ocidental.

Principais elementos presentes em O Nascimento de Vênus

O nascimento de Venus



1. Vênus

Nua, no centro da tela, Vênus faz um gesto pudico para esconder a sua condição despida. Enquanto a mão direita tenta cobrir os seios, a mão esquerda está ocupada procurando resguardar as partes íntimas.

A luz que recebe ressalta a sua beleza clássica, pura e casta e enfatiza ainda mais as suas curvas. Seu extenso cabelo ruivo se enrola ao longo do corpo como uma espécie de serpente e a protagonista faz uso de uma mecha para ocultar o seu sexo.

2. Os deuses do vento

À esquerda da tela estão abraçados, unidos, o deus do vento Zephyrus e uma ninfa (acredita-se que seja Aura ou Bora), que ajudam a protagonista Vênus assoprando em direção à terra.

Enquanto eles assopram, assistimos o cair das rosas. As rosas, segundo a mitologia, nasceram quando Vênus pôs o pé em terra firme e fazem referência ao sentimento do amor.

3. Deusa da Primavera

Do lado direito do quadro está a Deusa Primavera, à espera de Vênus para cobri-la e protegê-la com um manto florido. Ela representa a renovação e tudo aquilo que floresce durante a primavera.

4. A concha

A concha presente na obra-prima de Botticelli simboliza a fertilidade e o prazer. O formato da concha remete ao sexo feminino. Ela costuma ser considerada também o símbolo do batismo.


Características renascentistas em O Nascimento de Vênus


Para compor a sua tela, Botticelli buscou inspiração na antiguidade clássica.

Assim como em outras obras renascentistas, fica evidente aqui a influência da cultura greco-romana e a referência à cultura pagã (aliás, de modo geral durante esse período histórico é possível afirmar que os artistas italianos foram com frequência beber na cultura pagã). Nesse sentido, o Renascimento promoveu uma verdadeira revolução se pensarmos no quesito das influências.

Em termos de forma, almejava-se harmonia e a composição de uma beleza clássica, fatores que podem ser observados na perfeição da construção do corpo de Vênus.

A valorização da natureza é também outro elemento característico do movimento que se faz ver na tela pintada por Botticelli.

O quadro apresenta igualmente duas conquistas do Renascimento: a elaboração da técnica da perspectiva e da profundidade. Observamos como a protagonista do quadro se encontra enorme, em primeiro plano, quando comparada com a paisagem do oceano ao fundo.

Análise detalhada

Botticelli, um artista inovador

Botticelli pode ser considerado um artista arrojado e progressista sob muitos pontos de vista. Ele foi o primeiro a pintar uma mulher nua que não fosse Eva, num gesto bastante polêmico para a sua época.

Foi também dos primeiros artistas a pintar quadros mitológicos, que faziam um elogio à cultura pagã, iniciando uma verdadeira renovação no período do Renascimento.

Não satisfeito por quebrar tantos paradigmas, Botticelli foi ainda dos primeiros criadores a pintar quadros sobre tela na Toscana. Até então as imagens eram costumeiramente pintadas na parede ou sobre madeira.

Sobre o título da pintura

Apesar de o título induzir o observador a acreditar no evento descrito, Botticelli não pintou propriamente o nascimento da Vênus, mas sim a continuação do mito, quando a Deusa foi impulsionada sobre uma concha com a ajuda dos ventos para alcançar a ilha de Chipre.

Movimento no quadro

O quadro O Nascimento de Vênus é marcado por uma noção de movimento que pode ser observada a partir de uma série de elementos.

Repare, por exemplo, nos cabelos da musa, nas pregas dos vestidos, no manto florido e nas rosas que caem a partir do sopro. Através do uso da técnica, Botticelli é capaz de transmitir para o observador a sensação de agitação.

O pano de fundo da tela

O segundo plano da tela idealizada por Botticelli é riquíssimo. Observe a série de detalhes que o pintor introduz no seu trabalho: o mar apresenta escamas, o chão verde presente na costa parece um tapete de relva e as folhas das árvores têm não usuais detalhes dourados.

A paisagem sublinha a beleza de Vênus e chama a atenção para o seu protagonismo.

Inspiração

Certamente uma das inspirações do pintor italiano foi a estátua grega Vênus Capitolina, uma escultura da Antiguidade que aparece na mesma posição que a Vênus de Botticelli.

Vênus Capitolina

Vênus Capitolina teria servido de inspiração para a composição da musa de Botticelli.

Supõe-se também que a protagonista da tela seja inspirada em Simonetta Cattaneo Vespúcio, esposa de um rico comerciante e ícone de beleza de Sandro Botticelli e de uma série de artistas renascentistas.

Informações práticas do quadro O Nascimento de Vênus


Nome no original: Nascita di Venere


Dimensões: 1,72 m x 2,78 m


Ano de criação: entre 1482 e 1485


Onde se encontra: Galleria degli Uffizi (Florença, Itália)


Técnica: têmpera sobre tela


Movimento artístico a que pertence: Renascimento


Quem foi Sandro Botticelli

Nascido no dia 1 de março de 1445, Alessandro di Mariano di Vanni Filpepi, conhecido no meio artístico apenas como Sandro Botticelli, viria a se tornar um dos maiores nomes do Renascimento italiano.

O artista era filho de um curtidor de peles e, quando tinha 17 anos, foi apresentado ao já celebrado artista italiano Filippino Lippi, que viria a se tornar seu mestre. Assim começou a carreira do pintor.

Autorretrato de Sandro Botticelli.

Em 1470 o artista ganhou algum reconhecimento e passou a servir à famosa família Médici, das mais importantes da Itália.

No princípio da carreira Botticelli produziu telas religiosas e de cunho bíblico, com o tempo passou a receber uma maior influência da cultura greco-latina e produziu obras de arte com motivos pagãos.

Sandro Botticelli assinou obras-primas como O Nascimento de Vênus, A Adoração dos Magos e A Tentação de Cristo.



Fonte:

Rebeca Fuks - Doutora em Estudos da Cultura



quinta-feira, 16 de maio de 2024

SERIAL KILLERS: A LENDA DE BÁRBARA DOS PRAZERES, A PROSTITUTA QUE ATERRORIZOU O RIO DE JANEIRO

 

(A roda dos expostos da rua Santa Teresa (Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Ilustração de Thomas Ewbank, 1845.)

Em princípios do século XIX, o Rio de Janeiro viveu supostamente uma onda de terror causada pelo rapto de crianças recém-nascidas da Santa Casa de Misericórdia. Uma mulher que havia exercido a profissão de prostituta durante vinte anos na cidade era a acusada. Nos registros polícias afirma-se que ela apareceu como Bárbara Onça e Bárbara dos Prazeres, e sua lenda nos revela algo macabro e a difícil situação da mulher nos primórdios do Brasil recém-independente.

Maria Bárbara dos Prazeres nasceu em Portugal por volta de 1761. Não sabemos a cidade onde ela nasceu ou o nome de seus pais e detalhes de sua infância. Em 1779 em busca de melhores condições de vida Bárbara e seu marido, de nome desconhecido, chegaram ao Rio de Janeiro, então capital do Brasil, quando ela tinha 18 anos.

Apesar de ser uma mulher casada, Bárbara acabou se apaixonando por um mulato livre de nome desconhecido e arranjou a morte do marido. A paixão, no entanto, durou pouco, ela desencantou-se com o amante que teve a mesma sorte que seu marido, foi morto durante uma discussão a punhaladas. Bárbara supostamente estaria cansada de suas traições e ter de sustentá-lo. Aos 20 anos, bonita e sem dinheiro Bárbara entregou-se à prostituição, pois as mulheres na época não tinham oportunidade de emprego.

Durante os 20 anos seguintes exerceu a profissão no Rio de Janeiro. Foi quando ganhou o apelido de “Dos Prazeres”, não apenas pela qualidade de seus serviços que eram vendidos a dois vinténs, mas por causa de uma imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, que ficava bem debaixo do Arco do Teles e que ela adotou como sua protetora. Supostamente ela atenderia homens de classe média e alta.

 

(Arco do Teles, RJ, neste local Bárbara dos Prazeres teria oferecido seus serviços sexuais. Fotografia de Ricardo Deutsch Junior. Reprodução/Wikipedia Commons)


Conta a lenda que além de adúltera e prostituta Bárbara teria matado sua própria irmã envenenada, mas não sabemos se isso aconteceu em Portugal ou no Brasil ou se é verdade. Ela até mesmo chegou a trabalhar como cantoneira na província da Cisplatina (atual Uruguai). Cantoneira no caso é um dos muitos nomes usados antigamente para se referir às prostitutas das ruas, as que se entregavam pelos cantos da cidade. Provavelmente ela assim como outras prostitutas do Rio de Janeiro seguiu os soldados brasileiros que lutariam na Guerra da Cisplatina, ocorrida entre os anos de 1825 e 1828 pelo controle do território uruguaio.

Durante sua estada no país Bárbara contraiu varíola. Ela sobreviveu à doença e escapou das garras da morte ficando, contudo, completamente deformada. Mesmo assim após sair da Santa Casa regressou ao Rio de Janeiro e continuou na mesma vida de prostituição, bebedeiras e desordens. Tempos depois contraiu uma doença muito pior que a varíola: a lepra. “Suas orelhas incharam e os lábios grossos corroídos e deformados pela doença deixaram ver dentes pontiagudos e gengivas sangrentas que davam a sua fisionomia uma estranha ferocidade. Daí chamaram-na de Bárbara Onça” (Ribeiro, 1958).

Assim Bárbara perdeu toda sua clientela e transformou-se em mendiga e acabou indo parar no Arco do Teles no centro do Rio de Janeiro, na época, o arco ao contrário dos dias de hoje era um monte de escombros que sobrou de um incêndio que deitou abaixo o prédio localizado acima. Era um local onde prostitutas, mendigos e doentes se reuniam.

Ironicamente Bárbara recebeu o pior castigo por seus crimes, perdeu sua beleza, ou seja, sua fonte de renda. Mas ela não estava conformada e, desesperada por dinheiro e ávida para recuperar sua aparência de outrora, teria recorrido a rituais macabros para alcançar tal fim. Para curar-se Bárbara procurou ajuda entre ciganos e negros no Morro do Nheco, o atual Morro do Pinto. Ela a princípio banhara-se em sangue borbulhante de cães, gatos, cabritos e outros animais degolados. Ingeria carne de cobras, sapos, lagartixas. Os feiticeiros ainda a teriam instruído a chicotear-se com feixes e ervas das sete sangrias só encontráveis nos mangais. Mas como não obteve resultado Bárbara decidiu então adotar outro tratamento.

Aconselhada por feiticeiros ciganos e mestres do vodu afro “adveio-lhe a convicção que curaria sua lepra mediante o uso do sangue de recém-nascidos” (Ribeiro, 1958) e assim Bárbara começou a caçar crianças pelas ruas do Rio de Janeiro. De noite ficava próxima à roda dos expostos na Santa Casa de Misericórdia da cidade onde as crianças rejeitadas iam para a orfandade. Na calada da noite era ouvir um choro de bebê ou ruído da roda e Bárbara o mais ágil possível corria para a sua presa antes que alguma freira pudesse pegar a criança e levá-la para o interior do convento, ia em direção ao mangue e lá amordaçava o recém-nascido e o pendurava numa árvore com as mãos amarradas para trás e lhes cortava o pescoço e banhava-se em seu sangue. Bárbara deixava o sangue de suas vítimas escorrer sobre as chagas purulentas que cobriam seu corpo crendo dessa maneira conseguir livrar-se da lepra. “Alimentada essa esperança, praticado mais esse crime entre preces a estranhadas divindades e grunhidos de satisfação, de lá saia Bárbara dos Prazeres, satisfeita, alucinada, delirante a prosseguir sua vida de louca criminosa que marcou uma época” (Ribeiro, 1958).

Ninguém jamais soube onde Bárbara enterrava os corpos dos meninos e meninas que sacrificava. Alguns especulam que os mesmos tenham ocorrido em sua própria casa na extinta Praça Onze, onde ela também teria feito seus sacrifícios e rituais. Por coincidência ou não, as freiras da Santa Casa de Misericórdia notaram que o número de crianças ali abandonadas caíra a menos da metade durante o período da atividade macabra de Bárbara.

A polícia teria sido alertada dos desaparecimentos, mas não conseguiu capturar Bárbara, que já carregava nas costas pelo menos dois assassinatos. Ela aparece nos registros policiais da época como Bárbara dos Prazeres e também como Bárbara Onça. Não se sabe quando ela morreu, nem se é verdadeira a história de que a expressão “A onça vai te pegar” usada por mães para assustar as crianças teria nela sua origem. Teses defendem que nesse período surgiu a expressão “cuidado que a bruxa está solta”.

O que se sabe é que sua história assustadora e trágica perdurou mais do que perdurou sua vida. Dizem que, até hoje, em certas madrugadas sem lua, quando já partiram os últimos garçons dos bares da travessa do comércio e cessou o movimento da boemia, escuta-se no beco a gargalhada de Bárbara dos Prazeres ecoando assustadoramente pelos vazios escuros do Arco do Teles.




Fontes:

Este artigo foi redigido por Fernanda Flores. A autora permite a livre divulgação deste texto e a tradução integral ou parcial do mesmo, sem alterações ou falsificações, para outras línguas desde que seja citada a fonte e a autoria.



Este artigo deu origem ao vídeo Bárbara dos Prazeres – A Bruxa Vampira do Arco do Teles postado no canal Penumbra no YouTube, assista clicando no link abaixo:


Ouça o sexto episódio do podcast Cena do Crime sobre Bárbara dos Prazeres. No qual Fernanda Flores, autora deste artigo, participou ao lado de Isabelle Reis:


Fontes consultadas:

REZZUTTI, Paulo. Mulheres do Brasil: A história não contada. 1° ed. Rio de Janeiro: Leya, 2018.

ENGEL, Magali Gouveia. Os delírios da razão: médicos, loucos e hospícios (Rio de Janeiro, 1830-1930). – Rio de Janeiro, FrioCruz, 2001.

FILHO, Alexandre José Melo Morais. Chronica geral e minuciosa do Imperio do Brazil desde a descoberta do Novo Mundo ou America ate o anno de 1879. – Rio de Janeiro: Typographia-Carioca, 1879.

FILHO, José Melo Morais. História e costumes. – Rio de Janeiro: H Garnier Livreiro Editor, 1904.

RIBEIRO, Fernando Barata. Crônicas da Polícia e da Vida do Rio de Janeiro. – Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1958.

SCHUMA, Schumaher. RIBEIRO, Sandra. Bárbara dos Prazeres: uma história curiosa (século XVIII). Disponível em:

http://www.mulher500.org.br/wp-content/uploads/2017/06/247 _Barbara_dos_Prazeres.pdf Acesso em: 11 jun. 2018.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

ARTES PLÁSTICAS: AS ADOLESCENTES DE BALTHUS, O REI DOS GATOS

 

 
The golden fruit 1956


Quando em 1967 a Tate Galery organizou uma exposição sobre Balthus , pediram ao artista elementos para uma biografia destinada ao catálogo. A resposta do pintor chegou categórica "A melhor maneira de começar é dizer que Balthus é um pintor de quem nada se sabe. E agora vamos ver os quadros".


A lição de Guitarra (1934)

A obra mais polémica de Balthus. Foi apresentada em 1934 numa exposição da Galeria Pierre Loeb em Paris,mas numa sala à parte, um pouco afastada do percurso da galeria. Só reapareceu em público em 1977 na Galeria Pierre Matisse em Nova Iorque. O puritanismo anglo-saxão obrigou o jornalista Tom Hesse a desculpar-se por não poder reproduzi-la , devido à intensidade da sua imagem, para ilustrar o artigo que sobre esta obra escreveu na revista New York. Mais tarde ao rever a obra o jornalista declarou que a Lição de Guitarra, sustentada por um excepcional domínio pictórico, era, sem sombra de dúvida, um dos grandes clássicos do século XX mas teremos de esperar outros tempos mais tolerantes para que volte a aparecer. Em 1984, meio século depois de ter sido exposta pela primeira vez, a obra foi proibida de fazer parte da restrospectiva Balthus no Centre Georges Pompidou e no Museum of Modern Art de Nova Iorque. O organizador da exposição explicou no catálogo a ausência da Lição de Guitarra por motivos que não partilhava inteiramente mas que mostravam até que ponto, cinquenta anos depois de ser pintada, a obra ainda incomodava e perturbava. Felizmente a Lição de Guitarra acabou por reaparecer em 2001 na retrospectiva Balthus no Pallazo Grassi de Veneza.

A sala de estar (1942)

Dizia Balthus: "A melhor maneira de não cair numa segunda infância é nunca ter saido da primeira". Quando tinha catorze anos confessou a um amigo que gostava de ficar sempre criança. O artista via as adolescentes como um simbolo "A beleza da adolescência é mais interessante, encarna o futuro, o ser antes de se tornar em beleza perfeita. Uma mulher já encontrou o seu lugar no mundo, uma adolescente não. O corpo de uma mulher está já completo .O mistério desapareceu".


Teresa a sonhar(1938)

Dias Felizes (1945-46)

Nu com gato (1948-50)

A saída do banho (1957)

Quando se realizou a primeira exposição de Balthus em 1934 estava na moda o surrealismo e o abstraccionismo.Os perturbadores temas do jovem artista , de um erotismo provocador, vieram recriar a pintura , segundo alguns críticos. Segundo Marcel Duchamp um quadro que não choca não vale o esforço. Para este pintor o erotismo era uma coisa muito generalizada em todo o mundo , uma coisa que as pessoas compreendem.

Nu deitado (1945)

Nu a dormir(1980)

Jovens adolescentes sonhadoras exiladas em quartos fechados e nas posturas mais íntimas. O escritor Paul Valéry disse que o amor foi para os escritores e poetas o que o nu foi para Balthus

A saia branca (1937)

A modelo é Antoinette de Waterville, a sua primeira mulher, que recusou tirar o soutien por não querer que os seus seios estivessem expostos num museu. Balthus pintou-a com soutien mas fê-lo tão transparente que se tornou mais sugestivo.

Nu a descansar(1957)

Os mais eminentes escritores da época, de André Gide a Albert Camus debruçaram-se sobre a obra de Balthus e foram unânimes em lhe reconhecer um génio próprio.Quanto Balthus em 1948 produzia o guarda roupa e os cenários para a peça L 'État de Siège , de Camus, nunca era visto sem a companhia das suas jovens modelos que eram o tema fundamental da sua obra.É a sua obsessão pelos mundo da adolescência , feito de momentos de perturbação, de hesitação e de delírio que qualquer adolescente conheceu perante um mundo a conquistar.

Rapariga com espelho (1948)

Quando o acusavam de intenções eróticas e perversas e lhe diziam que as meninas que o tinham tornado célebre não eram apenas as companheiras de Alice no País das Maravilhas mas também Lolitas ordinárias, Balthus, zangado dizia: "Nunca pintei senão anjos, pequenos seres puros e sem idade. Aliás toda a minha pintura é religiosa. " Uma das suas modelos ,Michelina, declarou mais tarde quando já era adulta que Balthus era alguém que conseguia representar o momento da passagem importante da infância para a idade adulta.

A Janela (1933)


Rapariga com gato (1937)

O Sonho (1955)

O quarto (1952-54)

O quarto é um dos quadros mais célebres do pintor. Inspirando-se no Pesadelo de Henry Fuseli (1781) Balthus apresentou nesta obra uma das cenas mais eróticas pintadas pelo artista. O quadro representa uma daqueles adolescentes narcisistas de que ele tanto gostava e que totalmente nua, afasta as pernas para expor o sexo à carícia do sol. Um gnomo afasta a cortina para deixar passar os raios solares. Balthus, citando o seu amigo Picasso dizia que, tal como este pintor, toda a vida se inspirou em obras primas do passado para fazer diferente.

A espera(1995-2001). O último quadro de Balthus

Balthus era católico e acreditava profundamente na oração. Rezar era para ele um modo de sairmos de nós próprios. "Eu não sou Deus mas sou provavelmente uma parte dele e quando rezo tento alcançar a luz, elevar-me. Quando pinto é como uma oração". Pouco antes da sua morte quando o actor Richard Gere, adepto do budismo,o visitou no seu chalet em Rossinière na Suiça perguntou-lhe: "Quem é aquele que pinta as suas orações e tenta alcançar a luz? Balthus então com 92 anos de idade respondeu sem hesitar: "Deus, O homem não pode criar pode apenas inventar. O pintor reza àquele que cria mas eles são parecidos. Talvez o criador pinte aquele que reza. Em definitvo todo o problema consiste em saber quem cria o criador. É uma regressão sem fim. O pintor tenta sair de si mesmo e assim aproximar-se do seu criador. Quando pintamos tentamos esquecer o nosso ego e é nesse momento que sinto a luz que é Deus , e o meu espírito e as minhas mãos são apenas máquinas que escutam. Ouvimos o que temos de fazer."

Auto-retrato de Balthus

A portrait of the King of Cats painted by himself conforme ele próprio escreveu. Balthus tinha uma especial admiração pelos gatos. Os primeiros desenhos que publicou, quando tinha apenas doze anos, foram quarenta imagens destes felinos em memória do seu gato Mitsou que tinha morrido. Como disse, com um certo humor, um amigo do artista, os gatos são autodidactas não se inscrevem na escola de bela -artes. Estudam , obervam e aprendem tudo sozinhos. Balthus mostra bem que pertenceu à família dos gatos. Era um autodidacta. Os pais recusaram-se a mandá-lo para uma escola de pintura. Ele vangloriava-se disso e dizia que era gato desde a infância.

Balthus aos 25 anos de idade

Balthus com Frederico Fellini no seu chalet em Rossinière


O conde Baltasar Michel Klossoviski de Rola, conhecido como Balthus, filho de um historiador de arte e de uma pintora, nasceu em Paris a 29 de Fevereiro de 1908. Casou duas vezers e teve três filhos. Além de pintor, criou cenários, ilustrações e guarda roupa para diversas peças teatrais. Em 1961 André Malraux , ministro da cultura no Governo do General de Gaulle, nomeou Balthus para director da Academia de França em Roma. Apresentado por Jacques Chirac, Balthus recebeu em 1991 o Praemium Imperial atribuido pela Japan Art Association e em 1998 é nomeador Doutor Honoris Causa pelo Universidade de Vroclac. Faleceu na sua casa em Rossinière em 18 de Fevereiro de 2001.

Aprecio muito a obra do artista Balthus o homem que gostaria de ficar sempre criança.



Fontes: 

Balthus de Giles Lerét (adaptado)

terça-feira, 14 de maio de 2024

BIBLIOTECA: UMA FACHADA INUSITADA EM KANSAS CITY

 

(Kansas City Public Library, Missouri, USA)


A Biblioteca Pública de Kansas City é considerada uma joia rara da arquitetura, a fachada diferenciada incentiva os curiosos a conhecerem o interior desse recanto da literatura.

Um dos principais centros de entretenimento da cidade americana, a Biblioteca de Kansas City foi fundada em 1873. A remodelação do prédio ocorreu em 2004 e custou aproximadamente 50 milhões de dólares, tirados dos cofres municipal, estadual e federal.

A fachada é composta por uma imitação de 22 lombadas gigantes de livros, que medem 7,5m de altura por 2,70m de largura, representando títulos significativos de diferentes áreas da literatura.

Hoje, o edifício conta com cinco andares e diversas salas de conferência, de grupos e também, é claro, reservadas para a leitura. No primeiro andar, há um café muito aconchegante. Há um espaço reservado para pesquisas no quinto andar, chamado de Missouri Valley Room, que conta com um grande acervo sobre a história local. Há, também um estacionamento, aberto todos os dias (a primeira hora é grátis!). No terceiro andar, o H&R Block Business & Career Center é um centro de serviços dedicado a ajudar seus clientes a se tornarem empresários de sucesso, encontrando bons empregos, preenchendo sua carreira profissional e organizando suas finanças pessoais, sem fins lucrativos.

Em toda a extensão do prédio, há conexão Wi-Fi gratuita, além de 66 computadores e 12 laptops, para uso da população. Também, existem seis espaços de eventos, que podem ser alugados, além de quatro salas de reuniões, área exclusiva para crianças e sala para exibição de filmes. Toda a remodelação do prédio custou aproximadamente 50 milhões de dólares, tirados dos cofres municipal, estadual e federal. A biblioteca não abrange apenas um grande acervo de livros, como também de audiobooks e filmes. Há várias filiais dela espalhadas pela cidade (inclusive uma de língua latina, onde todos os funcionários são bilíngues), mas é, sem dúvida, esta, a Biblioteca Central, a que mais chama atenção, pela exclusiva arquitetura.



Confira a lista de livros representados na fachada da biblioteca:

– Histórias da Cidade de Kansas, vários autores;

– Ardil 22, de Joseph Heller;

– Histórias de Crianças, vários autores;

– A primavera silenciosa, de Rachel Carson;

– O Pioneers!, de Willa Cather;

– Cem anos de Solidão, de Gabriel García Márquez;

– Seus olhos viam Deus, de Zora Neale Hurston;

– Fahrenheit 451, de Ray Bradbury;

– A república, de Platão;

– As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain;

– Tao Te Ching, de Lao Tzu;

– The Collected Poems of Langston Hughes, de Langston Hughes;

– Black Elk Speaks: Being the Life Story of a Holy Man of the Oglala Sioux, de Black Elk;

– Por favor não matem a Cotovia, de Harper Lee;

– Homem Invisível, de Ralph Ellison;

– Journals of the Expedition, de Meriwheter Lewis e William Clark;

– Undaunted Courage, de Stephen Ambrose;

– O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien;

– A Tale of Two Cities, de Charles Dickens;

– Charlote’s Web, de E. B. White;

– Romeu e Julieta, de William Shakespeare;

– Truman, de David McCullough G.


Fonte:

segunda-feira, 13 de maio de 2024

SERIAL KILLERS: ELIZABETH BATHORY, A CONDESSA SANGUINÁRIA

 

(Elizabeth Bathory - autor desconhecido, séc. XVII)

 Elizabeth Bathory foi a condessa que torturou e assassinou várias jovens e, por causa disso, ficou conhecida como um dos verdadeiros vampiros da história. Embora citada freqüentemente como húngara, devido em grande parte ao deslocamento de fronteiras do Império Húngaro, ela era na realidade mais intimamente associada com o que é hoje a República Eslovaca. A maior parte de sua vida adulta foi passada no Castelo Cachtice, perto da cidade de Vishine, a nordeste do que é hoje Bratislava, onde a Áustria, a Hungria e a Eslováquia se juntam.

Bathory cresceu numa era em que a maior parte da Hungria tinha sido conquistada pelas forças turcas do Império Otomano, sendo o campo de batalha entre exércitos da Turquia e da Áustria (Habsburgo). A área também ficou dividida por diferenças religiosas. A família de Bathory se juntou à nova onda de protestantismo que fazia oposição ao catolicismo romano tradicional. Foi criada na propriedade da família Bathory em Ecsed, na Transilvânia. Quando criança, era sujeita a doenças repentinas, acompanhadas de intenso rancor e comportamento incontrolável. Em 1571, seu primo Stephen tornou-se príncipe da Transilvânia e, mais tarde na mesma década, ascendeu ao trono da Polônia. Foi um dos regentes mais competentes de sua época, embora seus planos para a unificação da Europa contra os turcos fossem frustrados em virtude dos esforços necessários para combater Ivan, o Terrível, que cobiçava o território de Stephen.

Em 1574, Elizabeth engravidou como resultado de um breve affair com um camponês. Quando sua condição se tornou visível, foi escondida até a chegada do bebê, porque estava noiva do Conde Ferenc Nadasdy. O casamento ocorreu em maio de 1575. O Conde Nadasdy era soldado e ficava fora de casa, freqüentemente, por longos períodos. Nesse meio tempo, Elizabeth assumia os deveres de cuidar dos assuntos do Castelo Sarvar, de propriedade da família Nadasdy. Foi aí que sua carreira maligna realmente começou - com o disciplinamento de um grande contingente de empregados, principalmente mulheres jovens.

Num período em que o comportamento cruel e arbitrário dos que mantinham o poder para com os criados era coisa comum, o nível de crueldade de Elizabeth era notório. Ela não apenas punia os que infringiam seus regulamentos, como também encontrava desculpas para infringir punições e se deleitava na tortura e na morte de suas vítimas muito além do que seus contemporâneos poderiam aceitar. Enfiava pinos em vários pontos sensíveis do corpo, como, por exemplo, embaixo das unhas. No inverno, executava suas vítimas fazendo-as se despir e andar na neve, despejando água gelada nelas até o ponto de congelamento corporal.

O marido de Elizabeth juntava-se a ela nesse tipo de comportamento sádico e até ensinou-lhe algumas modalidades de punição. Mostrou-lhe, por exemplo, uma variação desses exercícios de congelamento para o verão: despia uma mulher e a cobria com mel, deixando-a à mercê dos insetos. Ele morreu em 1604 e Elizabeth mudou-se para Viena após o seu enterro. Passou também algum tempo em sua propriedade de Beckov e no solar de Cachtice, ambos localizados onde é hoje a Eslováquia. Esses foram os cenários de seus atos mais famosos e depravados.

Nos anos que se seguiram após a morte do marido, a companheira de Elizabeth no crime foi uma mulher de nome Anna Darvulia, de quem pouco se sabe. Quando a saúde de Darvulia piorou em 1609, Elizabeth se voltou para Erzsi Majorova, viúva de uma fazendeiro local, seu inquilino. Majorova parece ter sido responsável pelo declínio final de Elizabeth, ao encorajá-la a incluir algumas mulheres de estirpe nobre entre suas vítimas. Em virtude de estar tendo dificuldade para arregimentar mais jovens como servas à medida que os rumores sobre suas atividades se espalhavam pelas redondezas, Elizabeth seguiu os conselhos de Majorova. Em algum período de 1609, ela matou uma jovem nobre e encobriu o fato dizendo que fora suicídio.

Já no início do verão de 1610, investigações iniciais em torno dos crimes de Elizabeth tinham começado. A base das investigações era confiscar o latifúndio de Elizabeth e deixar de pagar o alto empréstimo que seu marido tinha feito ao Rei. Com isso em mente, Elizabeth foi presa no dia 26 de dezembro de 1610. Foi julgada alguns dias depois. O julgamento foi conduzido pelo Conde Thurzo, como agente da lei. Conforme registro, o julgamento foi iniciado não apenas para se obter uma condenação, mas também para confiscar suas terras. Uma semana após o primeiro julgamento, foi realizada uma segunda sessão, em 7 de janeiro de 1611. Neste, uma agenda encontrada nos aposentos de Elizabeth foi apresentada como prova. Continha os nomes das 650 vítimas, todos registrados com a letra de Elizabeth. Seus cúmplices foram condenados à morte, sendo a forma de execução determinada por seus papéis nas torturas. Elizabeth foi condenada à prisão perpétua, e solitária. Foi colocada num aposento do castelo de Cachtice, sem portas ou janelas, apenas uma pequena abertura para a passagem de ar e de alimentos, lá permanecendo pelos três anos seguintes até sua morte em 21 de agosto de 1614. Foi sepultada nas terras de Bathory, em Ecsed.

Nenhuma acusação sobre essa atividade foi feita no julgamento, como aliás nunca foram apresentadas provas, na ocasião, de que ela estivesse engajada em tais práticas. Após sua morte, os registros de seus julgamentos foram lacrados, porque a revelação de suas atividades constituiriam um escândalo para a comunidade húngara reinante. O Rei húngaro Mathias II proibiu que se mencionasse seu nome nos círculos sociais. Não foi senão cem anos mais tarde que um padre jesuíta, Laszlo Turoczy, localizou alguns documentos originais do julgamento e recolheu histórias que circulavam entre os habitantes de Cachtice, onde ficava o castelo de Elizabeth. Turoczy incluiu um relato de sua vida no livro que escreveu sobre a história da Hungria. Seu livro sugeria. a princípio, a possibilidade de Elizabeth ter-se banhado em sangue. Publicado durante o ano de 1720, o livro surgiu durante uma onda de vampirismo na Europa oriental que excitava o interesse do continente. Escritores posteriores retomariam a história, ornamentando alguns detalhes. Duas histórias ilustram as lendas que se formaram em torno de Elizabeth, na ausência dos registros jurídicos de sua vida e das tentativas de remover qualquer menção a ela na história da Hungria:

Diz-se que certo dia a condessa, envelhecendo, estava sendo penteada por uma jovem criada, quando a menina puxou seus cabelos acidentalmente. Elizabeth virou-se para ela e a espancou. O sangue espirrou e algumas gotas ficaram na mão de Elizabeth. Ao esfregar o sangue nas mãos, estas pareciam tomar as formas joviais da moça. Foi a partir desse incidente que Elizabeth desenvolveu sua reputação de desejar sangue de jovens virgens.

Uma segunda história cobre o comportamento de Elizabeth após a morte do marido, quando se dizia que ela se envolvia com homens mais jovens. Numa ocasião, quando estava em companhia de um desses homens, viu uma mulher de idade e perguntou a ele: "O que você faria se tivesse de beijar aquela bruxa velha?". O homem respondeu com palavras de desprezo. A velha, entretanto, ao ouvir o diálogo, acusou Elizabeth de excessiva vaidade e acrescentou que tal aparência era inevitável, mesmo para uma condessa. Diversos historiadores têm ligado a morte do marido de Elizabeth e essa história à sua preocupação com o envelhecimento, daí o fato de ela se banhar em sangue.



Fonte: 

O Livro dos Vampiros - J. Gordon Melton. 

http://www.vampiria.com.br/bathory.htm