Cervantes por Juan de Jáuregui
Só entendo que enquanto eu durmo não tenho temor nem esperança, nem trabalho nem glória; e bem haja quem inventou o sono, capa que cobre todos os humanos pensamentos, manjar que mata a fome, água que afugenta a sede, fogo que esquenta o frio, frio que arrefece o ardor e, finalmente, moeda geral com que todas as coisas se compram, balança e peso que iguala o pastor com o rei, e o simples com o discreto. Só uma coisa o sono tem de ruim, segundo ouvi dizer, e é que se parece à morte, pois de um dormente a um morto há muito pouca diferença.”
(Fala de Sancho Pança, ao ser acordado por Quixote e ser admoestado por dormir muito, in O engenhoso cavaleiro D. Quixote de La Mancha, Segundo livro, de Miguel de Cervantes. Tradução de Sérgio Molina. 2007, p. 788).
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