segunda-feira, 16 de junho de 2025

MATEMÁTICA: A ARTMÉTICA É BASEADA EM AXIOMAS

 Os axiomas da aritmética

A Aritmética - pintura de Pinturicchio

(Aposento Borgia do Palácio do Vaticano - Roma)

Os seguintes axiomas são tudo o que se necessita como base da estrutura elaborada da aritmética:

1.              Para quaisquer números m e n

m + n = n + m e mn = nm

2.              Para quaisquer números m, n e k

(m + n) + k = m + (n + k) e (mn)k = m(nk)

3.              Para quaisquer números m, n e k

m(n + k) = mn + mk

4.              Existe um número 0 que possui a propriedade de quepara qualquer número n

n + 0 = n

5.              Existe o número 1 que tem a propriedade de que paraqualquer número n

n x 1 = n

6.              Para cada número n, existe outro número k tal que

n + k = 0

7.              Para quaisquer números m, n e k

se k ≠ 0 e kn = km, então m = n

A partir desses axiomas outras regras podem ser demonstradas. Por exemplo, aplicando-se rigorosamente os axiomas e presumindo-se nada mais, nós podemos provar rigorosamente a regra aparentemente óbvia de que

se m + k = n + k, então m = n

Para começar podemos declarar que

m + k = n + k

Então, pelo axioma 6, façamos l ser um número tal que k

+ l = 0, assim,

(m + k) + l = (n + k) + l

Então, pelo axioma 2,

m + (k + l) = n + (k + l)

Tendo-se em mente que k + l = 0, nós sabemos que

m + 0 = n + 0

E aplicando o axioma 4 nós podemos finalmente declarar o que nos propusemos a demonstrar:

m = n



Fonte:

O último teorema de Fermat, Simon Singh; tradução de Jorge Luiz Calife

terça-feira, 10 de junho de 2025

sábado, 7 de junho de 2025

MEIO-AMBIENTE: BICHO-PREGUIÇA

 BICHO-PREGUIÇA (BRADYPUS VARIEGATUS)


(preguica-de-coleira)

O bicho-preguiça, cientificamente conhecido como Bradypus variegatus, é um mamífero singular encontrado nas Américas Central e do Sul. Este curioso animal apresenta características físicas distintas, como um corpo coberto por uma pelagem espessa e áspera, muitas vezes colorida por algas, conferindo-lhe uma coloração esverdeada. Com garras longas e curvas adaptadas para pendurar-se nas árvores, exibe uma aparência única e facilmente reconhecível.

A preguiça (como também é chamada) é famosa pelo seu sorriso simpático que na realidade é apenas uma fisionomia do animal que não se relaciona com o seu estado emocional. Quando as preguiças são usadas para turismo com animais silvestres, os turistas podem confundir essa característica física com contentamento e estar se relacionando com um animal estressado.


Hábitos e Habitat



A preguiça é reconhecida por seus hábitos lentos e sua preferência por uma vida arborícola. Passa a maior parte de sua existência nas copas das árvores, alimentando-se principalmente de folhas, brotos e frutas.

Uma curiosidade é que as preguiças podem se mover até três vezes mais rápido quando nadam e podem prender a respiração por impressionantes 40 minutos, baixando sua frequência cardíaca para um terço de sua velocidade normal.

Outra característica curiosa é que a fisiologia da preguiça permite que ela passe 90% de sua vida pendurada de cabeça para baixo, isso é possível porque seus órgãos estão presos às costelas, o que significa que não fazem pressão sobre os pulmões. Confira essas e outras curiosidades no blog da Proteção Animal Mundial.

Seu habitat abrange desde florestas tropicais até áreas mais secas, proporcionando uma ampla distribuição geográfica nas regiões mencionadas.


Contribuição para o Meio Ambiente



Apesar de sua movimentação lenta, as preguiças desempenham um papel crucial no ecossistema. Sua dieta composta principalmente de folhas contribui para a ciclagem de nutrientes nas florestas tropicais, enquanto suas fezes auxiliam na fertilização do solo. Além disso, as preguiças podem ser consideradas um indicador da saúde do ecossistema, refletindo a disponibilidade de recursos e a estabilidade do ambiente em que vivem.


Risco de Extinção

(bicho-preguiça na rodovia BR367, Porto Seguro - foto de Priscila Gomes Ribeiro)


Apesar de suas adaptações únicas, as preguiças enfrentam desafios significativos, colocando-as em risco de extinção. A destruição do habitat devido ao desmatamento e a ameaça constante de atropelamentos em rodovias são fatores prementes. Além disso, a captura ilegal para o comércio de animais de estimação também representa uma ameaça, comprometendo ainda mais a sobrevivência desses animais tão especiais.

Embora não seja uma das espécies mais ameaçadas de extinção, a carinha fofa do bicho-preguiça o coloca, muitas vezes, em uma situação de sofrimento. No Norte do Brasil, algumas pessoas arrancam os filhotinhos da mãe e os deixam acorrentados em cativeiros, de onde são retirados para, com lacinhos na cabeça, posar para fotos nas mãos de turistas.

Essa situação, infelizmente, nos alerta que são vários os tipos de maus-tratos que um silvestre pode ser submetido em nome da atividade turística e um lembrete que o entretenimento dos humanos não deve, nunca, se sobrepor ao bem-estar animal.



Fonte:





Referências


IUCN Red List: Bradypus variegatus. Disponível em: [https://www.iucnredlist.org/species/3038/9721377]. Acesso em 05 de dezembro de 2023.
National Geographic: Sloth Facts and Information. Disponível em: [https://www.nationalgeographic.com/animals/mammals/s/three-toed-sloth/]. Acesso em 05 de dezembro de 2023.


WORLD ANIMAL PROTECTION. 10 fatos sobre preguiças: os animais mais lentos da natureza. Disponível em: [https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/blogs/10-fatos-sobre-preguicas-os-animais-mais-lentos-da-natureza/]. Acesso em 05 de dezembro de 2023.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTE TEXTO DE JOHN IRVING

 


       “Os médicos que pensam que sabem tudo são os que cometem os maiores erros de amador. É assim que um bom médico deve pensar: que há sempre alguma coisa que ele não sabe que sempre pode matar alguém”. 

– John Irving, in “As regras da casa de sidra”, tradução de Pinheiro de Lemos.

domingo, 1 de junho de 2025

MÚSICA: A PAULICEIA DE JOÃO RUBINATO (ADONIRAN BARBOSA)

 


Em 6 de agosto de 1912, na cidade de Valinhos, nascia mais um dos muitos filhos do casal de imigrantes italianos Francesco "Fernando" Rubinato e Emma Ricchin: João Rubinato, que anos mais tarde seria considerado um dos maiores representantes do samba paulista, mas não com o nome de batismo e sim com o pseudônimo que ele mesmo escolheu, homenageando duas pessoas que lhe eram muito queridas: um amigo chamado ADONIRAN e o cantor e compositor carioca Luís BARBOSA. Foi assim que João Rubinato virou ADONIRAN BARBOSA (foto).


Adoniran foi compositor, ator de rádio, cinema e televisão, além de pintor e escultor. Meu primeiro contato (auditivo) com ele deu-se quando eu tinha apenas oito anos de vida. Meus pais gostavam muito de ouvir rádio e às sextas-feiras às 21 horas sintonizavam a PRB-9 Rádio Record “a maior” para ouvir “Histórias das Malocas”, programa humorístico escrito por Osvaldo Moles, onde Adoniran interpretava o personagem Charutinho, sempre às voltas com sua amada Pafunça, interpretada por Maria Amélia. No cinema nosso protagonista fez parte do elenco de “O Cangaceiro”, produção paulista da extinta Cia. Cinematográfica Vera Cruz, em cuja trilha sonora havia números musicais interpretados pelos Demônios da Garoa, conjunto musical que viria a gravar boa parte das composições de Adoniran.

João “Adoniran Barbosa” Rubinato percorreu a Paulicéia com seus sambas, celebrando ou citando vários bairros e logradouros da nossa cidade. Este texto, sem a pretensão de esgotar o assunto, relembra algumas dessas citações.

(Adoniran Barbosana na praça da Sé; foto de Pedro Martinelli, 1978)

Começando pelo Centro lembro-me da triste “Iracema”, contando a tragédia vivida por uma grande paixão, que morreu atropelada na Avenida São João. Falando em amores vem à lembrança “Apaga o fogo Mané”, onde Adoniran narra as desventuras de um homem à procura da mulher que saiu e não voltou mais, chegando a procurá-la na antiga Central de Polícia, no Pátio do Colégio.

Ainda citando a região central de nossa cidade temos “Samba no Bexiga”, satirizando os costumes da grande colônia italiana de São Paulo, da qual Adoniran era um dos integrantes.


A Zona Leste foi muito visitada por Adoniran. O conhecido “Samba do Arnesto” narra a saga de amigos que foram ao Brás a convite de um amigo – o Arnesto – e deram com as caras na porta. Muitos anos depois do estrondoso sucesso de “Saudosa Maloca” Adoniram compôs uma espécie de “resposta” e lançou “Abrigo de Vagabundos”, onde cita o Alto da Mooca. Saindo um pouco do samba, em 1968 ele compôs “Vila Esperança”, deliciosa marcha-rancho falando de um amor de Carnaval, lembrando os antigos carros alegóricos que durante muitos anos desfilaram nas ruas daquele bairro.

(Favela do Vergueiro, 1965-1968)

A Zona Sul abrigou Adoniran de 1955 a 1982, pois foi lá que ele construiu sua residência sita à Rua Coronel Francisco Júlio Cesar Alfierri, 406, Vila Inglesa, na região da Cidade Ademar. Nessa região da cidade ele ambientou “Mulher, patrão e cachaça”, música que trata de um triângulo amoroso envolvendo Violão da Silveira, Cuíca de Souza e Cavaquinho de Oliveira Penteado, personagens que habitavam a antiga Favela do Vergueiro, localizada onde hoje é a Chácara Klabin.

A Zona Norte foi lembrada em “No morro da Casa Verde”, onde o autor reverencia a boemia paulistana, fazendo menção a figuras do bairro.


Ainda na Zona Norte ele ambientou um de seus mais conhecidos sambas, que sem qualquer sombra de dúvida se tornou sua maior proeza: “Trem das Onze”, composta em 1964, faz referência ao saudoso trem da Cantareira, onde algumas vezes eu viajei quando ia visitar meus avós na Água Fria. Adoniran cita o Jaçanã, um dos muitos bairros servidos pela ferrovia paulistana. No ano seguinte (1965) a Cidade Maravilhosa, São Sebastião do Rio de Janeiro, comemorou seu 4º centenário e dentre as várias festividades a prefeitura carioca promoveu um concurso de músicas carnavalescas. No berço do samba a música mais tocada e vencedora do concurso tinha esses versos:

“...moro em Jaçanã, se eu perder esse trem, que sai agora às 11 horas, só amanhã de manhã...”.

(Foto de Pedro Martinelli, 1978)

Adoniran Barbosa morreu em 23 de novembro de 1982, aos 70 anos de idade. Estava internado no Hospital São Luís tratando um enfisema pulmonar, pois era um inveterado tabagista. Foi sepultado no Cemitério da Paz, conforme seu desejo. Deixou, além das músicas citadas nesta crônica, uma enorme coleção de pérolas musicais retratando a vida e os costumes da nossa cidade.



Fonte:

Crônica de Aristeu de Campos Filho

https://www.facebook.com/groups/vivasaopauloantiga/posts/4866536730044383/