sábado, 30 de novembro de 2024
FEMINISMO: O MACHISMO TAMBÉM MORA NOS DETALHES
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTA FRASE DE FERDINAND CÉLINE
“Ser velho é não encontrar mais papel ardente para representar, é cair nesse insípido momento em que o teatro está de folga e não se espera mais do que a morte”.
Ferdinand Céline, in Viagem ao fim da noite; tradução de Rosa Freire d’Aguiar.
domingo, 24 de novembro de 2024
HISTÓRIA: O ATO INSITITUCIONAL Nº5 (AI-5)
O Ato
Institucional nº5 foi o instrumento utilizado pelos militares para aumentar
os poderes do presidente e permitir a repressão e a perseguição das
oposições. Sua edição permitiu a prisão, tortura, morte e desaparecimento de
inúmeros cidadãos, dando início a um dos períodos mais terríveis da história
do Brasil. Para ser lido, relido e nunca esquecido, para jamais ser repetido. |
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTE TEXTO DE YUVAL NOAH HARARI
“...humanos não morrem porque uma figura envolta em um manto negro bate em seu ombro, ou porque Deus assim decretou, ou porque a mortalidade é essencial de algum grande plano cósmico. Humanos morrem devido a alguma falha técnica. O coração para de bombear sangue. A artéria principal entope com depósitos de gordura. Células cancerosas espalham-se no fígado. Germes multiplicam-se nos pulmões. E de quem é a responsabilidade por todas essas falhas técnicas? Outros problemas técnicos. O coração para de bombear o sangue porque não lhe chega bastante oxigênio ao músculo cardíaco. Células cancerosas se espalham porque uma mutação genética acidental reescreve suas instruções. Germes se instalam nos pulmões porque alguém espirrou no metrô. Nada metafísico. Somente problemas técnicos.”
– Yuval Noah Harari, in Homo Deus.
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
MÚSICA: AQUARELA DO BRASIL, DE ARY BARROSO
Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil! Pra mim! Pra mim!
Ô, abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Brasil!
Deixa cantar de novo o trovador
À merencória luz da Lua
Toda canção do meu amor
Quero ver essa Dona caminhando
Pelos salões, arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Brasil! Pra mim! Pra mim!
Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil, verde que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil! Pra mim! Pra mim!
Ô! Esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil! Brasil!
Ô! Estas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
E onde a Lua vem brincar
Ô! Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil! Pra mim! Pra mim!
Lembro que na Copa da França, em 1998, a torcida brasileira, sem modinhas “customizadas”, resolveu recorrer à antiga Aquarela do Brasil, do mineiro-carioca Ary Barroso (1903-1964). E não é que ficou bonito! Esse samba-exaltação, entoado por mil vozes, vira um hino, bacana, animado e sofisticado.
Difícil era traduzir as expressões da letra. Vale dizer que nem mesmo os brasileiros conheciam o sentido de várias delas.
– Che cosa è “inzoneiro”? – perguntava intrigado um italiano, que pelo conhecimento do latim julgava decodificar qualquer expressão do Português do Brasil.
Alguém lhe disse que seria um “bugiardo”, ou seja, um mentiroso. Discordei imediatamente. Disse-lhe que podia ser algo como “furbo”, ou seja, manhoso com astúcia.
Um inglês dançou nessa. Pensei e acreditei que a palavra seria “sly”. Mesmo sem muita certeza, sentenciei: “sly, very sly”.
Noutro dia, a discussão foi com brasileiros e um argentino. O problema era com os versos:
O hermano acreditava que houvesse relação com a savana brasileira que viu em volta de Brasília, arbustos, arvorezinhas, mato baixo. A ideia, portanto, era retirar dali uma mãe negra, possivelmente abandonada pelo filho.
Bom, de novo, discordei, não sem mergulhar na dúvida, mas relembrando os estudos culturais sobre o Estado Novo, na época da PUC-SP. Na verdade, abrir a cortina do passado se refere a escancarar o passado escravista do Brasil e a participação das mulheres negras africanas ou descendentes na constituição das famílias brasileiras.
A mãe preta é, na verdade, a ama de leite, que deu proteína e vida a tantos filhos de fazendeiros e donos de engenho. O cerrado em questão não tem relação com qualquer tipo de vegetação, mas com o lugar onde os escravos acabavam confinados depois dos dias exaustivos de trabalho. Tirar a mãe preta de lá equivale a derrubar os muros da senzala estendida.
Por isso, Barroso canta, logo depois:
O salão é aquele da casa grande, dos senhores de posses hereditárias, os clubes das antigas elites rurais opressoras do povo negro. Assim como o compositor quer ver protagonismo daqueles subjugados pela força bruta, pretende ver o rei congo no congado.
Alguém encafifou-se com o Brasil “trigueiro”, ou seja, tem a cor do trigo maduro. “Ripe wheat”, arrisquei para outro inglês, este de Liverpool. Até hoje não sei se é “inglês macarrônico”. Se for, me avisem!
E antes tinha, lógico a morena (logicamente da cor dos mouros) que ganhou o adjetivo de “sestrosa”. Aí, de novo veio polêmica. Sestroso pode ser sinônimo de malandro; no passado, dado à capoeiragem.
Bom, sestro tem a ver com “esquerdo”, o que sempre me fascinou. Na canção, decidi que o significado era aparentado de inzoneiro. A morena tinha lá suas malícias, suas astúcias, tão necessárias numa sociedade machista e desigual.
Restou “merencória”. Isso outras gentes sabiam. Essa luz da Lua é melancólica, triste, e é citada depois do verso “Deixa cantar de novo o trovador”, um protesto contra a censura estatal. Até a própria letra de aquarela foi canetada pelo nefando Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Achavam que “terra de samba e pandeiro” não pegava bem para a reputação do país. Com suas acrobacias retóricas, Barroso acabou convencendo os censores imbecis e evitou a mutilação da letra. A história é esta. Em um tempo de ódio ao congado, de censura aos trovadores e de perseguição policial às mães e pais pretos, vale recordar as cores da nossa aquarela.
Fonte:
https://vermelho.org.br/prosa-poesia-arte/walter-falceta-de-novo-sobre-aquarela-do-brasil/
Publicado 30/12/2019
Autor
Walter Falceta
Jornalista, trabalhou em veículos como m veículos como a Veja e O Estado de S. Paulo. Integra o Coletivo Democracia Corinthiana (CDC) e o Núcleo de Estudos do Corinthians (Neco)
Letra de Aquarela do Brasil:
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTE TEXTO DE MIA COUTO
terça-feira, 12 de novembro de 2024
RELIGIÃO: O GRAFITE DE ALEXÁMENOS
CONHEÇA O GRAFITE DE ALEXÁMENOS, QUE MOSTRA JESUS COM CABEÇA DE BURRO
sábado, 9 de novembro de 2024
CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTA FRASE DE NOAM CHOMSKI
“Os Estados Unidos apoiam a democracia se, e somente se, os resultados estiverem em consonância com seus objetivos estratégicos e econômicos.”
Noam Chomski, in Quem manda no mundo?
(Who rules the word?) – trad. de Renato Marques.
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
CIÊNCIA: A GAIOLA DE FARADAY
GAIOLA DE FARADAY
domingo, 3 de novembro de 2024
CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTE TEXTO DE YUVAL NOAH HARARI
“A cultura tende a argumentar que proíbe apenas o que não é natural. Mas, de uma perspectiva biológica, não existe nada que não seja natural. Tudo o que é possível é, por definição, também natural. Um comportamento verdadeiramente não natural, que vá contra as leis da natureza, simplesmente não teria como existir e, portanto, não necessitaria de proibição. Nenhuma cultura jamais se deu ao trabalho de proibir que os homens realizassem fotossíntese, que as mulheres corressem mais rápido do que a velocidade da luz, ou que elétrons com carga negativa atraíssem uns aos outros.”
Yuval Noah Harari – Sapiens uma breve história da humanidade