quinta-feira, 31 de outubro de 2024

MITOS - HALLOWEEN: 10 CRIATURAS MITOLÓGICAS METAMÓRFICAS

 


A metamorfose é um tema comum na mitologia e no folclore: muitas criaturas mitológicas têm esta habilidade, que permite que enganem e possam ferir ou até matar humanos. Pela história, muitos assassinatos foram atribuídos a essas criaturas, e na época do Halloween, nada melhor que uma lista com essas criaturas fascinantes.


Leshy


O Leshy é uma criatura masculina da mitologia eslava, e acredita-se que ele protege animais selvagens e as florestas. Eles geralmente aparecem como homens altos, mas têm a habilidade de mudar de tamanho e sofrer uma mutação para qualquer forma de animal ou até como plantas. Leshies têm a barba feita de grama, e geralmente têm rabos, cascos e chifres. A criatura tem a pele pálida e olhos verdes escuros, e são os reis da floresta. Quando está na sua forma humana, o Leshy parece com um camponês comum, mas tem os olhos mais brilhantes. Eles podem se diminuir até a altura da grama ou ficarem do tamanho da árvore mais alta. Acredita-se que essas criaturas podem fazer com que as pessoas se percam ou que fiquem doentes, e até mesmo fazer com que elas morram. Os Leshies não são sempre malvados, mas gostam de enganar os humanos.

Selkie


Selkies são criaturas encontradas na mitologia irlandesa, escocesa e islandesa. Eles têm a capacidade de se transformarem de focas em humanos, retirando a sua pele de foca. uma atividade arriscada, pois depois têm que colocar a pele de volta para voltar à sua forma original. As histórias que envolvem estas criaturas geralmente são tragédias românticas, pois eles só podem entrar em contato com os humanos por pouco tempo antes de terem que voltar ao oceano.

Em muitos casos, pessoas se apaixonam por Selkies sem saber que são as criaturas, e não humanos. Em outras histórias, humanos escondem a pele da criatura, o que impede que ela volte à sua forma normal. Selkies do sexo masculino são muito bonitos na forma humana, e têm grande poder de sedução sobre as mulheres. Se um homem encontra e esconde a pele de uma Selkie do sexo feminino, ela fica sob seu controle, e muitas vezes é forçada a se tornar sua esposa.

Berserker



Os Berserkers são parte de um grupo de guerreiros noruegueses. Eles são humanos, mas, em batalha, entram em um estado de fúria que causa transformações em lobos, ursos e touros selvagens. Acredita-se que os Berserkers usavam a pele de ursos e lobos ao entrar na batalha, e podiam se transformar completamente, se fosse preciso. Eles são caracterizados como tendo olhos intensos, força extrema e resistência.

Kitsune



No folclore japonês, o Kitsune é um ser mágico e inteligente. A criatura é uma espécie da raposa japonesa, cuja força aumenta com a idade, sabedoria e experiências de vida. Eles têm a habilidade de assumir a forma humana, e são conhecidos por enganar os humanos. O Kitsune pode ter até nove rabos, e pode voar, ficar invisível e muitas vezes criar relâmpagos e trovões. Essas criaturas podem se manifestar nos sonhos das pessoas e criar ilusões tão elaboradas que parecem a realidade.

Puca



A puca é uma criatura do folclore celta, principalmente na cultura irlandesa, no oeste da Escócia e no País de Gales. A criatura é uma fada mitológica, muito boa em mudar de formas, podendo se transformar em cavalos, coelhos, cabras, goblins e cachorros. Porém, independente da forma que a púca assuma, sua pelagem é sempre escura, e são muitas vezes representados como cavalos pretos com olhos alaranjados. Eles têm o poder da fala humana e são conhecidos por dar bons conselhos, mas também gostam de confundir os humanos. Púcas gostam de charadas e são muito sociáveis, e também gostam de pregar peças em pessoas distraídas e crianças.

Wendigo


O Wendigo é uma criatura que aparece na mitologia dos povos da antiguidade. As descrições variam pelas culturas, mas ele é geralmente descrito como uma enorme besta semelhante a um cão. O Wendigo é uma criatura maléfica e canibal, e seres humanos podem se transformar na criatura se tiverem práticas com canibalismo. A pessoa se torna possuída pelo espírito demoníaco da criatura durante o sonho, na maior parte das vezes. Quando possuída, a pessoa se torna violenta e fica obcecada para comer carne humana. Os Wendigos são criaturas extremamente violentas, gulosas e gananciosas, sempre procurando por novas vítimas.

Aswang


A Aswang é uma criatura mítica muito difundida da cultura filipina, e é descrita como uma mistura de vampiro e bruxa. A criatura geralmente aparece em forma feminina, e é canibal e devoradora dos mortos. São capazes de se transformar em enormes cães pretos ou em javalis. Acredita-se que cabeças de alho, água benta e outros objetos sejam capazes de repelir a ação da Aswang. Muitas histórias contam que as criaturas comem crianças e fetos. Na forma humana, são quietos e tímidos, e só se transformam na temida forma assassina à noite.

Boto encantado



Esta criatura do folclore brasileiro é ainda muito comum na região do Rio Amazonas. O Boto teria a habilidade de se transformar em humano, saindo da água após a meia noite para seduzir mulheres em festas. A criatura também teria grande talento musical e usa um chapéu com um buraco na parte de trás para respirar, como o Boto. Além de seduzir as mulheres, a criatura também teria a capacidade de engravidar mulheres e depois abandoná-las, e também vira barcos que tem mulheres em seu interior. Para evitar isso, as pessoas que vivem nos arredores do Amazonas passam alho nos barcos, para disfarçar o cheiro feminino.

Vampiros



Estas famosas criaturas praticamente não precisam de apresentação. Os vampiros se alimentam do sangue de humanos e animais, mas é difícil fazer uma única definição dos vampiros, já que suas características mudam em diferentes culturas. Eles mudam de forma e podem aparecer como humanos e como morcegos. A partir do século XIX, a literatura de ficção passou a retratar os vampiros como magros e pálidos.

Vários assassinatos já foram atribuídos à existência de vampiros, e um dos mais conhecidos é o da garota de 19 anos Mercy Brown, em 1892. Vários membros da sua família morreram de uma “doença misteriosa” (que depois especialistas descobriram que era tuberculose, ainda sem tratamento e muito comum na época) e as pessoas da sua cidade atribuíram a morte à garota, cujo cadáver ainda tinha sangue no coração após dois meses da sua morte. Pesquisadores atribuem a conservação do corpo da garota ao clima extremamente frio na época da morte, que conservou seus órgãos como um freezer. Ainda assim, pessoas deixam oferendas no túmulo da garota.

Licantropos



Os licantropos ou lobisomens são criaturas mitológicas humanas que se transformam em lobos. Podem infectar os humanos com uma mordida e a sua transformação é ligada à lua cheia. A mitologia dos lobisomens teve início na Europa, mas muitas histórias semelhantes são encontradas na antiguidade. Os seres teriam força e olfato sobre-humanos, muito mais intensos que o do homem e dos lobos. Até o início do século XX, muitas mortes eram creditadas a ataques de lobisomens na Europa.


Fontes:


[Fonte: Listvese]

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTA FRASE DE FRIEDRICH NIETZSCHE

 


  “É certo que não havia bruxas, mas as terríveis consequências da fé nas bruxas foram as mesmas que se verificariam se tivesse havido bruxas…” 

FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900) - Humano, Demasiado Humano – Um Livro Para Espíritos Livres, Vol. II

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

FEMININISMO: LEOLINDA FIGUEIREDO DALTRO

 

A BRASILEIRA QUE ERA CHAMADA DE “MULHER DO DIABO” POR TER SENSO DE JUSTIÇA


Leolinda Daltro (foto de 1933)

Leolinda Figueiredo Daltro nasceu na Bahia, em 14 de julho de 1859, foi professora, sufragista e indigenista, e lutou pela autonomia das mulheres.

Em 1910, juntamente com outras mulheres, fundou o Partido Republicano Feminino. Em 1917, liderou uma passeata exigindo a extensão do direito ao voto às mulheres.

O senso de justiça de Leolinda a fez ficar conhecida como “a mulher do diabo” em 1909. No Brasil fervorosamente católico da época, uma mulher desquitada, ativa politicamente, que circulava em ambientes masculinos, acreditava na transformação pela educação e lutava para garantir o direito das mulheres ao voto não poderia ser considerada outra coisa senão “diabólica”.

Como era costume na época, casou-se cedo e teve dois filhos. Porém, logo separou-se do marido, encontrando uma motivação para estudar para ser professora e ajudar nas economias de casa. Aos 24 anos, casou-se novamente e mudou-se para o Rio de Janeiro “em busca de melhores condições de vida”. Com o novo marido, Leolinda teve mais três filhos. Logo após sua ida para o Rio de Janeiro, Leolinda se separou ou ficou viúva, não se sabe ao certo.

Fundou o Partido Republicano Feminino com a poetisa carioca Gilka Machado em 1910, bem como três jornais dedicados à mulher, além de publicar dois livros nos quais contou aspectos de sua vida. Por mais de dez anos, Leolinda e suas companheiras de partido criticaram a cidadania incompleta das mulheres e participaram de todos os eventos que podiam ter repercussão na imprensa.

Além disso, Leolinda percorreu o interior do Brasil a fim de estimular a alfabetização laica de comunidades indígenas, uma vez que o sistema vigente na época era de catequização e conversão ao catolicismo.

Em 1902, em uma viagem ao sertão de Goiás, procurou o Instituto Histórico Brasileiro para propor a criação de uma associação civil de amparo aos indígenas. Daltro foi impedida de participar pessoalmente da reunião sob a alegação de que era mulher.

A partir de 1890, o voto deixou de ser considerado como um símbolo e passou a ser visto como uma chave para mudanças. As sufragistas diziam que as vidas das mulheres não melhorariam até que os políticos colocassem seus olhos no eleitorado feminino. A luta pelo direito de voto era um meio para atingir um fim.

O presidente Hermes da Fonseca e a primeira-dama Orsina da Fonseca (ao centro da imagem) na sede do Partido Republicano Feminino. Ao lado da primeira-dama, a professora Leolinda Figueiredo Daltro, 1911.

Em 1913, os jornais deram ampla publicidade ao movimento das suffragettes, quase sempre reforçando que este não era um comportamento que as brasileiras deveriam seguir.

Na década de 1930, Leolinda ainda estava ativa na luta pela emancipação feminina, fazendo parte da Aliança Nacional de Mulheres. Leolinda, na maioria das vezes, foi mal compreendida e teve que suportar piadas e zombarias em relação à sua luta.


Campanha sufragista, 1919

Ela não queria revolucionar o papel da mulher na sociedade. O objetivo era reformar seu papel, integrando a mulher de forma mais justa e igualitária na sociedade brasileira e dando oportunidades para que as mulheres fizessem parte da vida pública. Ela também procurou reformar as leis para que as mulheres brasileiras atuassem de forma igualitária à dos homens, com as mesmas oportunidades e direitos.

Leolinda foi uma das pioneiras da luta pelos direitos das mulheres no Brasil. E até hoje lutas como a dela seguem necessárias, já que as mulheres trabalham e estudam mais, mas continuam ganhando menos que os homens no país.



FONTE:

AUTORA: MARIA FERNANDA GARCIA

08/03/2019

terça-feira, 22 de outubro de 2024

CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTA FRASE DE MARK TWAIN:

 


    “Quando eu era mais jovem, podia lembrar-me de qualquer coisa, tivesse ou não acontecido; mas agora as minhas faculdades estão decaindo e em breve só serei capaz de me lembrar das coisas que nunca aconteceram”. 

(Mark Twain: Autobiografia; in O risco do bordado, de Autran Dourado)

sábado, 19 de outubro de 2024

LITERATURA: MARIA FIRMINA DOS REIS, A PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA

 

Maria Firmina dos Reis sofreu muito preconceito, 
mas foi a primeira romancista brasileira

No próximo ano (2025) comemoraremos os 100 anos de nascimento da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, apontada como a primeira romancista brasileira.

Durante muito tempo, sua produção foi ignorada em detrimento de escritoras como a potiguar Nísia Floresta (1810-1885), nome importante na luta feminista, e a paulista Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793), considerada a primeira mulher a escrever ficção no Brasil, fato contestável porque ela viveu a maior parte de sua vida em Portugal. Firmina é pioneira, porém, por ter conseguido publicar seus romances autonomamente, não sem esforço, além de atuar no magistério, tendo sido responsável inclusive pela inauguração de uma escola mista e gratuita no Maranhão, o que causou grande polêmica na época.

Maria Firmina nasceu em São Luís, em 1825. Mulata, bastarda e pobre, sofreu muito preconceito, contra o qual lutou bravamente, provando seu valor no campo intelectual. Era prima do escritor e educador Sotero dos Reis, de quem recebeu apoio. Ela foi aprovada em concurso público para professora primária, na cidade de Guimarães, e denunciou as injustiças ocorridas no campo da educação, de difícil acesso no século XIX.

Seu romance mais famoso é Úrsula, publicado em 1859. De temática abolicionista, a obra retrata os horrores da escravidão e desenvolve as camadas psicológicas dos personagens negros, de grande importância no enredo, apesar de ter no plano principal o amor impossível entre dois personagens brancos. Em outro romance, Gupeva, de 1870, a autora aborda o indianismo: um chefe indígena se apaixona por uma moça vinda da Europa, sem saber que se trata de sua meia-irmã. São histórias bem novelescas, com um pano de fundo que retrata a sociedade de maneira ferrenha.

Firmina também foi contista, poetisa, charadista e compositora de música. Escreveu artigos críticos para jornais locais, compôs o Hino à Libertação dos Escravos e o conto A Escrava, aderente aos ideais antiescravistas e republicanos. Mãe adotiva de dez crianças, solteira toda a vida, morreu pobre, cega e esquecida em sua casa, em Guimarães, 1917. Felizmente, alguns autores e pesquisadores da atualidade resgataram sua importância, comentando sua vida e obra. Tanta ousadia não poderia ter sido em vão.

Fonte:

Autora: Nicole Ayres Luz




Referências:

NERES, José. Maria Firmina dos Reis: Nossa Primeira Romancista. In: Revista Conhecimento Prático Literatura. nº 58. 2015.

Blog Jornal Pequeno

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTAS FRASES DE MATEUS:

 


       

“Um irmão entregará à morte seu irmão, e o pai ao filho, e os filhos se rebelarão contra seus pais e lhes causarão a morte.” 

Mateus, 10:21

"Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada." 

Mateus, 10:34

"Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra." 

Mateus, 10:35

· "E assim os inimigos do homem serão os seus familiares." 

Mateus, 10:36

domingo, 13 de outubro de 2024

MEIO-AMBIENTE: COMO CAGAR NO MATO

 COMO CAGAR NO MATO

Encontrar um banheiro assim em qualquer trilha é algo raro, então leia o artigo e se conscientize. Foto: Richard


Montanha não é latrina. O acúmulo de detritos em áreas de escalada tornou-se um grande problema. Falta de educação e consciência tem levado ao fechamento de zonas de escalada devido ao confronto com as autoridades ambientais e da população local, mas também representa um risco para a saúde e pode levar a perturbações graves para o ecosistema.

Estão faltando algumas regras materiais relacionados de convivência básicas e respeito ao meio ambiente, especialmente nos cursos de formação de escalada e montanhismo, tanto em técnicas como no aperfeiçoamento e iniciação. Onde cagar e o que fazer com o resultado, deveria ser uma disciplina obrigatória em todos os cursos de atividades em que se praticam esportes na natureza (trekking, camping, escalada, montanhismo, etc), as academias de escalada deveriam conscientizar os seus sócios deste problema. Em qualquer saída guiada, este deveria ser um assunto amplamente abordado e discutido.

Nas melhores condições, uma merda humana vai demorar mais de um ano para desaparecer, sem mencionar o papel, absorventes, fraldas e etc. O efeito visual e aromático, obviamente, é muito desagradável, mas as consequências para a saúde e o meio ambiente, é onde devemos ter uma preocupação especial.


Giardia, um inquilino desconfortável


A giardíase é uma doença relativamente nova, que pode ser contraída pela ingestão de produtos infectados com restos fecais. Seus sintomas são: diarréia, vômitos, dor abdominal... - que duram entre 7 a 20 dias e, embora não seja fatal em adultos saudáveis, pode se tornar uma doença crônica. As pessoas que contraem essa doença (as vezes sem sintomas) se tornam transmissoras. Quando as fezes atingem a água, começa o risco de propagação de infecção. O protozoário pode sobreviver na água durante meses, especialmente em água fria, e a proliferação depende da época do ano e da região.

O impronunciável Cryptosporidium é outro protozoário, com efeitos semelhantes a giardia, que é transmitida no mesmo caminho fecal-oral e sobrevive em água (incluindo cloro).

Nós não vamos falar agora da necessidade de purificar a água que bebemos ou como, mas como evitar a possível expansão desses bichos malditos que causam doenças não só em humanos e animais, mas também são responsáveis por graves perturbações nos ecossistemas.


Por que você deve enterrar a merda?


Basicamente porque acelera a decomposição das fezes e impede a contaminação dos aquíferos. Quando fazemos um buraco e enterramos o cocô, nós evitamos que os organismos de doença se espalhe (por exemplo, se acidentalmente pisarmos no bolo, ou algum animal tenha contato ... - ou por insetos), e depois tendo contato em águas pluviais e, em seguida, em rios, lagos, reservatórios. Não é necessário cavar um poço de petróleo, o mais eficaz para a degradação é enterrar a 20 cm do solo. Se você mexer a merda com um pau, misturando a terra, irá acelerar ainda mais o processo de decomposição.

Também é muito importante não cagar em leitos secos ou em planícies de inundação ou cursos de água, deve-se distanciar pelo menos 60 m, o melhor é cavar em terreno seco. Em climas com temperaturas abaixo de zero, devido à ausência de atividade bacteriana, a recomendação é que você leve a merda embora.

É claro, o papel higiênico (e lenços, absorventes etc.) tem que levá-lo para jogá-lo no lixo. Não enterre nem queime, muitos incêndios ocorreram fazendo exatamente isso, um exemplo: o fogo que devastou 13.000 hectares em Torres del Paine em 2011 foi causado por um andarilho que queimou seu papel. Leve-o em um saco e jogue-o fora quando você encontrar um recipiente para este fim.

A urina, salvo os problemas de odor, não causam tantos problemas como a merda. Embora, se todos nós escolhermos o mesmo ponto para urinar, pode causar alterações químicas no solo.


Ferramentas


Se você não tem, adicione na mochila novos equipamentos: uma espátula ou pá pequena para cavar. Existem lâminas de aço inoxidável dobráveis que se estendem, são pequenas, leves e práticas. Inclua também o saco para cagar, que recebe diversos nomes em inglês como: Shit Bag ouTrash Dry Sack, não importa o nome ou marca, estes são equipamentos baratos, leves e fácil de carregar.





Fontes:

Autor: Elias Luiz

PORTAL EXTREMOS -

22 de Outubro de 2012 - 11:00







quinta-feira, 10 de outubro de 2024

CITAÇÕES: USE COMO EPÍGRAFE ESTA FRASE DE VICTOR HUGO

 


    “A miséria de uma criança interessa a uma mãe, a miséria de um rapaz interessa a uma jovem, a miséria de um velho não interessa a ninguém.” 

(Victor Hugo, Les Misérables)

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

HISTÓRIA: POR QUE A CAPOEIRA É A “ARTE-MÃE” DA CULTURA BRASILEIRA E DA IDENTIDADE NACIONAL

 

(August Earle - negros lutando, 1824: primeira referência iconográfica da capoeira no Brasil)


A capoeira ajudou a moldar o samba e até o futebol do país, defende pesquisador, que chama atenção também para as “dívidas não pagas” para com os povos responsáveis por trazer essa linguagem ao Brasil

A pergunta que não quer calar é: quando será reconhecido o valor basilar da capoeira para a construção da identidade musical brasileira?

Duas das principais referências que o mundo tem do Brasil são a música e o futebol. Embora pouco se diga, a capoeira está na raiz de ambas. Esse caldeirão cultural fervilhante de ginga e sons espalha-se por todo o planeta, é visível nas ruas, nos shows, nos estádios, mas, mesmo no nosso país, não é completamente compreendido. É uma história complexa, perdida nos escaninhos da tortuosa memória brasileira que por séculos tentou sonegar a devida importância de suas origens básicas africanas ou indígenas, e os reflexos desse conflito identitário permanecem até os dias atuais.

A partir de 1532, milhões de africanos foram arrancados de suas nações e trazidos para o Brasil, dando início ao maior processo de migração forçada da história. Ao longo dos séculos, os escravizados deixaram impressas suas marcas na cultura brasileira. Uma das mais importantes e influentes dessas raízes foi a capoeira.

A origem da palavra é do tupi: ka’a (“mato”) e pûera (“que foi”). Embora seja controvertida a razão da utilização do termo, a tese mais aceita é de que a vegetação derrubada ao redor das fazendas favorecia a fuga dos escravos, pois, se tentassem fugir pela mata fechada, ficariam embrenhados no cipoal. Seja como for, as primeiras referências a uma forma de luta própria dos escravos remontam ao Quilombo de Palmares e vieram dos soldados portugueses (“Dragões”) que relataram, por volta de 1690, ser necessário “mais de um Dragão” para capturar um negro desarmado, pois estes defendiam-se com uma “estranha técnica de esquivas e pontapés”. Por isso o Quilombo de Palmares é apontado como um dos prováveis berços da capoeira, o que é questionável (há sérios estudos que apontam para Sergipe como matriz); mas sabe-se, com certeza, de sua origem no antigo ritual N’Golo, ou “Dança das Zebras”, praticada na África Austral, atual território de Angola, onde os jovens formavam rodas e disputavam um misto de luta e dança com base na observação das disputas das zebras machos pelas fêmeas, com coices e cabeçadas.

As primeiras imagens que se têm, porém, são completamente reveladoras. Em 1824, o inglês August Earle pintou Negros Lutando e, em 1835, o germânico Johann Moritz Rugendas registrou a cena definitiva no quadro Roda de Capoeira, no qual veem-se claramente os rudimentos da técnica da luta e o uso de instrumentos musicais acompanhados de palmas.

(Johann Moritz Rugendas - roda de capoeira)

As rodas de capoeira eram praticadas com música não apenas por sua origem na antiga dança das zebras. Os donos de escravos permitiam que dançassem para evitar que ficassem deprimidos (banzo), e ali eles aproveitavam para treinar luta. Dentre os toques mais antigos de berimbau há um, por exemplo, chamado “cavalaria” que avisava da aproximação do feitor e outros vigilantes – nesse momento, as mulheres abriam suas saias como asas para impedir a visão do que ocorria e os capoeiristas passavam a dançarinos. Puxavam as mulheres para o centro da roda e seguiam em danças de umbigadas, escapando dos castigos por serem flagrados praticando técnicas de combate.

Foi provavelmente dessas rodas que nasceu o chamado “samba do Recôncavo baiano”. Das percussões e cantorias que acompanhavam a capoeira consolidou-se o principal tronco musical brasileiro, do qual derivaram o samba e o coco. Aliás, a música de capoeira, que os brancos incluíam no que chamavam genericamente de “batuques”, antecede o chorinho em 50 anos e o samba em quase um século.

Não à toa, Vinícius de Moraes cantava que “o samba nasceu lá na Bahia, e se hoje ele é branco na poesia, é negro demais no coração”. Foi ao ter contato com esse universo que ele e o violonista Baden Powell criaram a célebre série dos “afro-sambas”. Mas, muito antes, essa cultura já havia sido transposta para os morros do Rio de Janeiro, em um movimento conhecido como Pequena África. No início do século 19, era prática corrente encontros musicais nas casas das “tias” baianas Yalorixás. A mais conhecida foi Hilária de Almeida, a Tia Ciata, até hoje uma referência sobre o surgimento do maxixe, logo samba. Na casa dela gerou-se o primeiro samba registrado em disco, Pelo Telefone (1917), com autoria assumida por Ernesto dos Santos (Donga), sobre o que ainda restam controvérsias – cogita-se que tenha sido obra coletiva e de “roda”.

Ao largo desse debate autoral, fica evidente a matriz transposta da Bahia para a Pequena África no Rio de Janeiro e da Grande África para o Brasil ao longo de séculos.


Verdades não reconhecidas

(Cândido da Fonseca Galvão - Dom Obá)

Na Guerra do Paraguai (1864-1870), o Império Brasileiro constituiu a Companhia de Zuavos da Bahia, pelotões formados por negros dentre os quais destacou-se Cândido da Fonseca Galvão (Dom Obá II), natural de Lençóis da Bahia e descendente de reis africanos. Esses foram decisivos na guerra por seu destemor e capacidade de combate, especialmente na Batalha de Tuiuti e na Retomada de Uruguaiana (RS). Eram quase todos capoeiras. Foram elogiados pelo Conde d’Eu (Gastão de Orleans) como a “mais linda tropa do Brasil”, pelo “capricho com suas indumentárias”. Receberam a promessa de liberdade e equiparação aos demais soldados ao final da guerra.

Foram traídos. A tropa foi desmobilizada e desarmada. Grande parte deles morreu à míngua. Dom Obá ainda obteve algum reconhecimento recebendo posto “honorário” de oficial. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde era amado pelos pretos, foi recebido por Dom Pedro II, teve ação destacada como abolicionista, mas era tratado pela “boa sociedade” (branca) como personagem caricato, “amalucado” e “extravagante”, um “excêntrico contador de histórias legendárias” de “nobres africanos” e “pretos heróis de guerra”, feitos risíveis e inverossímeis aos olhos da Corte. Na República, foi cassado seu título militar. Antes disso, ao final da guerra, vários Zuavos foram presos por prática de “capoeiragem”, considerados “vagabundos”, marginalizados. Só uma vez foram homenageados com o nome de uma rua em Salvador, ao lado do Fórum, mas depois aquele nome foi substituído pelo atual, Rua Tinguí.

Não encontrei nenhuma outra homenagem oficial à Companhia de Zuavos. Mas, ao policial Miguel Nunes Vidigal, sim, ainda que às avessas. Ele dá nome ao atual bairro do Vidigal, no Rio de Janeiro. Notabilizou-se por torturar e assassinar praticantes de candomblé e capoeira. Era um exímio capoeirista, porém, a mando do Império, sua função era exterminar os representantes da “arte-mãe”. Os mestres por ele capturados, antes de serem assassinados, sofriam longas sessões de tortura chamadas Ceia dos Camarões, nas quais açoitava e despejava óleo fervente sobre suas vítimas.

Já na República, a capoeira foi criminalizada a 11 de outubro de 1890 (Decreto 847) e assim permaneceu até 1937. Em 2014, foi reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, mas ainda prossegue submersa na falta de reconhecimento de sua ancestralidade para a cultura brasileira. Neste ínterim, viveram e morreram muitos lutadores, guerreiros e criadores, como Besouro, Pastinha e Bimba.

Os mestres prosseguidores dessa construção histórica, digna dos mais profundos estudos, têm agora melhores condições de trabalho no Exterior do que no Brasil. Mas o que tange mais fortemente a este artigo é a música. E a pergunta que não quer calar é: quando será reconhecido o valor basilar da capoeira para a construção da identidade musical brasileira? Isso apenas para citar esta parte, porque, sobre os Zuavos, que morreram pelo Brasil na Guerra do Paraguai, ou os negros, que morrem sob açoite para a construção da nação, já ultrapassa qualquer marco civilizatório possível.

Sinto-me à vontade para falar sobre esses temas porque a prática de música e de artes marciais estão presentes na minha vida desde sempre. Comecei no judô e no boxe ainda na adolescência, mas, em 1978, conheci o mestre Monsueto (Ananílson de Souza), professor de karatê e mestre de capoeira. Passei a praticar com ele e, em 1981, fundamos em sociedade a Academia Okinawa, em Santa Catarina. Assim mergulhei no universo da capoeira e tive acesso a grandes mestres da “arte-mãe”. Mas eu era, já, um músico profissional. Percebia claramente o quanto eram bons os percussionistas e cantores capoeiristas. O Mestre Monsueto, cujo apelido vinha justamente de ter voz semelhante à do famoso cantor homônimo, era ótimo na percussão, um dos mais completos músicos de capoeira que conheci. Tornou-se meu parceiro não só no mundo das lutas, mas também tocava comigo em shows. Através dele conheci outro gigante da capoeira: o mestre Nino Alves.

Exímio executante do gênero, cantor e instrumentista, Mestre Nino é autor de um CD seminal chamado Tchê Capoeira. Isso é fundamental para o entendimento de tudo o que aqui foi dito, desde o início. O Mestre Monsueto, já falecido, era carioca, negro, e orgulhava-se muitíssimo disso. Era também faixa preta de um dos estilos mais complexos do karatê: o Goju Ryu, no qual foi graduado pelo Grão Mestre japonês Akira Tanigushi. Já o Mestre Nino, mais jovem do que Monsueto, é um “homem branco”, gaúcho, oriundo do judô e professor de Full Contact, mas extremamente ligado à cultura africana inclusive pela música, o samba e manifestações culturais diversas. Tornou-se tricampeão brasileiro dos pesos pesados de capoeira. Em 1983, fundou a Barravento no Rio Grande do Sul, uma “linhagem” e “escola” da capoeira mais voltada para o combate e para a luta do que para a parte acrobática, criada em 1973 pelos mestres Bogado e Paulão, no Rio de Janeiro. Da mesma escola vem o Mestre Torpedo, fundador da Barravento no Espírito Santo.

Minha construção como praticante de capoeira iniciou-se com o Mestre Monsueto e concluiu-se com os mestres Torpedo e Nino Alves. Assim, aprendi o significado de tudo isso para a cultura do Brasil. Hoje sou mestre em Kickboxing (faixa preta 4º Dan), graduado em várias outras artes marciais, mas meu cordel amarelo-azul da Capoeira Barravento me é muitíssimo precioso. Ele sopra sons aos meus ouvidos. É dele que emana uma das vertentes mais fortes do meu conhecimento musical e a razão principal de orgulhar-me de ser brasileiro, músico e artista marcial.

E aqui devo destacar: a capoeira é a única forma de luta do mundo regida por compassos musicais! Assim descobri minha própria identidade. Entendi que, mesmo tendo pele clara, sendo sulista, praticante de artes marciais orientais ou americanas, sou genuinamente brasileiro, que tenho raízes culturais africanas e sinto imenso orgulho delas!

Se hoje sou músico profissional e mestre em artes marciais, devo muitíssimo aos povos arrancados da África desde 1532. E é por isso que não sou branco, nem preto, nem sulista e nem nordestino; sou o retrato do meu país, policultural e multiétnico. Por maiores dificuldades pelas quais possa passar meu povo ao longo dos séculos, serei sempre e acima de tudo brasileiro. Como disse o poeta e compositor Vinícius de Moraes, chamado também de o “branco mais negro do Brasil”:

– Quem é homem de bem não trai. (…) Capoeira que é bom não cai, mas se um dia ele cai, cai bem!



Fonte:

Autor: Henrique Mann (músico, historiógrafo e mestre em artes marciais)

Revista Prosa Verso e Arte









sexta-feira, 4 de outubro de 2024